sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Quem sabe daqui a sete anos

                " É só procurar um livro com  batatinha na capa " eu dizia, e a gente ficava rindo da coisa mais boba do mundo. Lembra daquele trabalho da sexta série, nossa 2006. Eu fiz a maior bagunça na aula só para a gente ficar no mesmo grupo. Se me falassem naquela época como tudo terminaria, eu não ia acreditar nunca. Qual é, a gente cantava rebelde juntas. Como é que eu ia imaginar  que  dali a 7 anos aquilo não fizesse mais parte dos nossos dias ?

                Não adianta dizerem para não colocarmos expectativas demais em alguém. A gente nunca leva a sério. Mas dizer isso para alguém que passou dois anos completamente sozinha, não é algo sensato. Eu via nos livros aqueles melhores amigos e eu sentia que estava prestes a ter um.  Eu sei,  eu tive alguns surtos de me afastar , de brigar. Mas a gente se defendia. Quando resolveram colocar a gente pra baixo e armaram aquelas brigas tontas de criança, quando ameaçaram bater na gente. Quando a roda acabava no exato momento que a gente chegava.  Mas e daí pra tudo isso ? Eu tinha um amigo.

                Eu sempre lembro quando a gente ficava tardes conversando na praça ou assistia Chuck com suco de gelatina. O aniversário que você quis me convidar, mesmo sendo uma comemoração só para a família.  A gente já brigou por tanta coisa boba, já falou tanta coisa ruim uma pra outra. E sempre dava certo. Bom, na verdade, nem sempre.

               Quando as férias de janeiro acabaram e você estava tão diferente. Eu não imaginava que aquilo era só o começo. E derepente, eu fui parando de acreditar, parando de compartilhar meus segredos, parando de me sentir bem.

              Você sentava do meu lado mas estava tão distante. E eu fui criando um medo de falar com você, um receio de ficar por perto, de receber alguma patada. Aquela cara que você fazia para mim, como se eu fosse a pessoa mais estúpida da terra.

             Tanta coisa aconteceu enquanto você esteve fora. Quantas vezes eu quase te liguei e desabafei tudo. Mas não, da última vez, você quase bateu o telefone na minha cara. Quando seu aniversário chegou, esse ano, eu me lembre daquele dia que eu fui comer lasanha na sua casa e a gente cantou parabéns, a gente ia se ver denoite, mas  você me pediu para que eu estivesse por perto nos dois momentos.

            Confesso que não foi fácil te dizer tudo aquilo, me afastar de você e fingir que estava tudo bem. Mas a gente já machucou tanto essa amizade, já se afastou tanto, já .... já não dá mais para ser como antes.  Aquelas garotas de 12 anos não existem mais, rebelde já acabou faz 8 anos e é verdade . A gente mudou, em algumas coisas para pior, em outras para melhor. Mas decidiram que não era mais para ser como assim.

            Talvez daqui a sete anso a gente volte a se encontrar. Aqui mesmo ou em São Paulo talvez. Quem sabe a gente já não tenha crescido o suficiente para deixar tudo para trás. As pessoas são tão instáveis. E se isso acontecer eu espero que a gente se lembre com carinho do trabalho na biblioteca, da nossa banda de um dia e de como você era a primeira amiga que eu pensava em ligar quando algo acontecia. Mas apenas disso. Quando isso acontecer, as brigas já não vão mais existir e todo o resto será apenas parte de uma boa lembrança.

           E quer saber, tomara que isso realmente aconteça.


3 comentários:

  1. AAAAAH :3 Não se preocupe, amizades vem e voltam, sério. Se for para ser verdadeiro, vai durar para sempre. As vezes a gente só precisa de uma pausa nas relações mesmo.

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  2. Agora eu sei exatamente como você se sente...

    Bj, Doms.

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  3. Amanda, como você consegue expressar TUDO, de forma simples!!
    Adoro seu jeito de escrever!

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