terça-feira, 30 de julho de 2013

Covardes não amam, covardes enganam



Não deixo que você me olhe nos olhos. Sei que eles dizem muito mais do que quero explicar. E quando fico em silêncio é porque estou morrendo de medo que você perceba o barulho que ainda faço ao seu lado. Fico me perguntando se você não escuta os gritos ensurdecedores que cortam minha alma, mas seus ouvidos não percebem, você já não me percebe, desde que decidiu sozinho que nunca daríamos certo. Deixo que você pense que eu acho isso também e não note como eu ando sufocada com as coisas que venho guardando aqui no meu peito.

Tudo bem, é melhor assim. Você não entenderia meus medos nem meus traumas, é incapaz de perceber que toda vez que fujo desesperadamente é porque quero mesmo me prender a alguém. É triste ver que você age como se realmente me conhecesse, quando na verdade mal abriu o livro, mal passou da página dois. É verdade, ok, eu declaro, eu assumo, dou minha cara a tapa aqui: eu tenho minhas incoerências, escrevo uma história meio torta, meio sem sentido. Há pontos colocados fora do lugar e acho isso meio cansativo. Confundi vírgulas com pontos e enfiei reticências onde devia ter encerrado o ato. Mas você me julgou pela capa, achou que sabia tudo de mim pelo resumo, me definiu com a epígrafe solta eu coloquei ali só porque achei a frase legalzinha. Tudo meio superficial, tudo meio mais ou menos, mas acha que me conheceu.

Você não mergulhou em mim, não foi até as minhas profundezas, não quis ver os pontos escuros da minha alma. Achou que eu era mais do que você podia aguentar. E na verdade eu sou mesmo. Você foi covarde e recuou. Teve medo. Medo do que acharia em mim, medo de enfrentar o que causava em você. Covardes não amam, você sabe, covardes enganam. E você me enganou. Deixei que foleasse meu livro achando que você podia ser mais um capítulo. Pura ingenuidade. Você foi um parágrafo, no máximo, que ficou no lugar errado, me deixando mais confusa do que já sou. Você teve medo, mas não vai assumir. Como covarde que é vai inventar uma desculpa, dizer que é porque somos diferentes, porque nunca daríamos certo.

Deixo que você pense que eu acho isso também porque você não entenderia minhas explicações. Não escuta o que venho gritando nos silêncios que fico ao seu lado: somos iguais, seu idiota, ambos fugitivos e covardes. E poderíamos ter dado certo se você não tivesse fugido, se você tivesse tentado. Mas prefiro me sufocar do que dizer, em voz alta, o que nenhum de nós estamos prontos para assumir.

E toda vez que não te encaro nos olhos eu estou pensando: a gente podia ter dado certo. Se eu não fosse uma fugitiva dos meus medos e você não fosse o grande covarde que é. Que pena, amor, você nem sequer me conheceu e atropelou nossa história com um ponto sem sentido bem no meio da frase. E, sabe, tudo bem, deixa eu mesma concluir esse rascunho que fomos por aqui:

A gente podia ter dado certo. Mas que pena, amor, que pena.

Quem escreve ? Fernanda Campos, 21 anos, com coração bobo de menina que é sempre capaz de acreditar outra vez. São Paulina, psicóloga em formação, autora do livro Uma Dose De Café, e, quando nada da certo, senta, toma um café, e faz um texto. Blog: http://www.nandscampos.blogspot.com.br/

sábado, 27 de julho de 2013

Projeto - Com amor, por favor, sem flash



Estava respondendo os comentários e recebi um muito especial do Endless Poem para participar de um novo projeto. Eu achei super legal porque adoro mandar e receber cartas e porque acho super interessante essa interação entre blogueiros. Ai vai a explicação de como funciona.

"Olá pessoal, tudo bom?
Hoje eu quero apresentar um projeto muito legal para vocês, e espero que gostem. Andando à procura de novas colunas para o blog me deparei com o projeto Cartas para Amelie, que achei super legal e tudo mais! É um projeto que visa a troca de cartas entre os participantes. Uma das coisas que mais me incentivaram a criar esse projeto foi a amizade que tenho construído com muitas meninas (e meninos) do último amigo secreto de blogueiros, promovido pela Viviane do Devoradores de Histórias, minha vontade de escrever textos e compartilhá-los com outras pessoas (já pensou em receber um texto especialmente feito para você?) e minha paixão por fotos. A ideia do projeto é levar mais amor, carinho e atenção para pessoas que, talvez, só conheçamos mesmo por meio dos nossos blogs, aumentar nossas amizades, incentivar a escrita e a fotografia e criar sorrisos em muitos rostos. Então resolvi criar o meu próprio projeto, com algumas pequenas mudanças.

A carta, enviada mensalmente ao amigo sorteado, deve conter um texto, sendo ele ficcional, real, ou do jeito que se imaginar, de tema aleatório ou pré estabelecido e uma foto de autoria própria que tenha relação ou complete o sentido do texto. Mais regras e adaptações serão definidas por meio do grupo do Facebook e, eventuamente, enviadas por e-mail.

Inicialmente, as inscrições estão abertas até dia 1 de agosto, tempo para que seu post divulgando o projeto também seja postado. A partir do sorteio, a carta deve ser enviada, no máximo, em 15 dias ao amigo sorteado, e uma postagem deve ser criada apresentando o texto e a foto recebidas, com o título [PROJETO] Com amor, por favor, sem flash seguido do mês em vigor. Assim que todos os textos forem postados, iniciaremos novo sorteio.

Um grupo no Facebook foi criado, visando a interação entre os participantes;
Link do grupo aqui!
 
Para participar, siga o Endless Poem pelo GFC e curta nossa página no Facebook;
O participante se cadastra enviando um e-mail para sarah.marques.lima@gmail.com, solicitando a participação no grupo;
 
A solicitação por e-mail deve conter:

Nome completo/ nome de seguidor:

Idade:

Nome do blog:

Endereço completo: 


Os participantes devem seguir todos os blogs;
Um post de divulgação do projeto deve ser criado no blog do participante, antes da realização do sorteio dos destinatários, visando uma maior divulgação e, consequentemente, uma maior participação (assim fica mais legal);
Os textos e fotos, não precisa nem dizer, não devem conter nenhum tipo de violação aos direitos humanos e não devem conter conteúdo adulto.

Um comentário neste post é bem vindo, expressando sua opinião sobre o projeto;

E aí, vamos trocar cartas?"

ps.: Muito obrigada a todos que me desejam Feliz aniversário e se você tem vontade de colaborar com qualquer coisa para o blog manda um e-mail para noutrolugar13@gmail.com Estamos te esperando. 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Forget the haters cause somebody loves ya


Preciso confessar uma coisa: não sou legal o suficiente para dizer que odeio meus aniversários. Nunca me encaixei no time de pessoas que acorda de cara emburrada e é grosso com quem lhe deseja felicidades e que considera aquela uma simples data do ano. Mas deve ser legal ser assim. Não ficar se preocupando se as pessoas vão se lembrar que você nasceu naquele dia e nem ficar atualizando a página do facebook para ver quantos já te deram parabéns. 

Tudo isso é tão idiota. Porque ninguém realmente, se importa com o seu aniversário, ou se aquela é ou não uma data importante para você. Então, antes que fique a dúvida. Eu me importo com o meu aniversário, que por um acaso é hoje, vinte e cinco de julho. Há dezenove anos nascia em um dia de frio extremo e azul intenso, uma garota gordinha, de cabelo muito muito preto e pele muito muito branca que  adorava comer mingal de aveia, que tinha que dividir com o tio, que tinha só quinze anos a menos que ela. Agora ela fica pensando que deve ter sido todo aquele mingal que afetou seu cérebro dessa forma. 

Ela nunca imaginou que ser legal era tão difícil e ser difícil era tão legal. Por isso  nunca foi nenhum dos dois. Não escapou do trauma generalizado da vida escolar e também foi engolida por ele. Aliás, mais do que engolida. Foi isso o que moldou a sua personalidade. Uns tempos atrás isso era ruim, mas hoje ela fica pensando que deve muito a todo mundo que lhe apontava o dedo e lhe dizia que ela era boba demais. 

Quando tinha quatorze anos, queria fazer quinze e quando chegou nos dezoito, queria parar de contar ali mesmo. Não que ela tenha tentado se matar, é só que essa pressão social dos números a deixa confusa e estressada. E ela consegue ser muito estressada. Ninguém diria isso quando tinha lá os seus oito anos, porque ela era quieta do tipo que ficava vermelha quando alguém lhe direge a palavra. Só que agora ela fala pelos cotovelos. Achou que sofreria a vida inteira por conta de amizades. Até encontrar gente incrível no lugar mais chato do universo. 

Dezenove anos depois, a antiga neném gorducha tem um gato, um cachorro e uma queda por realezas. Mas, principalmente, ela tem uma felicidade enorme de saber que existem 188 pessoas no mundo que  não  se importam de passar alguns minutos lendo o que ela escreve sobre os seus  sentimentos.

Muito obrigada a todos os Barrados no Baile. 


ps.: Alguém viu o novo trailer de The Walking Dead e Em Chamas ? E eu confesso que achei super fofo o novo clipe da Demi Lovado.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Talvez ele não fosse tão a fim de você




"Cara, acontece. Muto mais do que você imagina, aliás. Namoros, casamentos, amizades, tudo isso termina o tempo todo. Devem ter umas cinco milhões de pessoas no mundo sofrendo pelo mesmo motivo, nesse exato momento. Imagina quanta gente está sendo xingada agora de canalha, cachorra, filho da puta e coisas do gênero. Pensa ... " Ele parou de falar no meio da frase porque meu choro deve tê-lo tirado de seu momentâneo devaneio.

"Não fica assim, cara, sério." Ele se curvou para o meu lado e acariciou minha cabeça. " Esse idiota merece mesmo que você chore tanto ?"

"Mas ele disse ..." eu tento, mas minhas palavras se confundem com os soluços ao tentarem sair da minha boca e a frase acaba se tornando uma mistura de gemido e choro. Bem bizarro.

"Respira... calma menina" ele diz quando caio no choro novamente. "Respira fundo e tenta colocar tudo em ordem na sua cabeça. Isso sempre me ajuda nos momentos ruins."


Eu faço o que ele diz e fico alguns minutos concentrada em reparar na sala ao nosso redor. Estamos sentados ombro a ombro na cama dele, que está bem desarrumada por sinal. A ventania lá fora faz parecer que o mundo está prestes a acabar e tem migalhas de pão espalhadas pela escrivaninha. Ai...droga. As lágrimas novamente.


"O quarto dele .... era cheio de ...porqueelemechamoupraalmoçarcomelese elenãoquerianadacomigo?" Eu solto de uma vez e paro um pouco só para pegar mais fôlego. " Porque ele vivia dizendo que pensava nas coisas que eu dizia, porque ele era tão legal comigo e agia como se eu fosse ...." e as lágrimas voltaram a cair. " Porque aquele filho da mãe ficava sorrindo pra mim e me olhando como se eu fosse a futura namorada dele e não como futura melhor amiga?"

Meu amigo me olha espantado. Provavelmente porque eu quase nunca digo palavrões, o que significa, pra ele, que a situação está feia. Por isso ele se ajeita e diz, todo sério.

"Você quer uma resposta certeira pra isso ? Pergunta pra ele. Liga pra ele agora e diz "Qual é a tua cara, querendo me fazer de boba ?" Agora se você quer a minha opinião..." eu o olhei, esperando enquanto ele ,com certeza, montava alguma frase bonita na sua cabeça. " Talvez ele seja gay, talvez esteja a fim de outra garota, talvez não queira começar nada agora porque sabe que vai se mudar em breve... Ou talvez... ele, simplesmente, não esteja a fim de você. Talvez ele já tenha sido, mas passou. " E ele fica me olhando fixamente, esperando que eu volte a molhar sua almofada verde com o meu choro.

Deve ter sido a primeira vez que alguém me dizia algo que realmente faz sentido. E é por isso que eu não volto a me descabelar. Só porque, talvez, não valha a pena. Eu não entendi nada errado, eu só entendi na época errada. E se passou, passou. 

Eu coloco a almofada no lugar e não consigo pensar em nada melhor para dizer e deixo no ar um
" Você tem razão".





domingo, 14 de julho de 2013

Desentediando as férias (parte I)


Ai Meu Deus, já faz duas semanas que estou de férias ( tá passando rápido demais, nãao). Tá certo que eu deveria estar morrendo de estudar pro vestibular no fim do ano mas, o cérebro de todo mundo precisa de um descanço de vez enquando. Tem gente que gosta de sair to-dos-os-dias nas férias. Eu sou mais chata, prefiro ficar em casa recompondo as energias. E isso é o que eu ando fazendo nas férias.

  • Lendo
Já li "A Culpa é das estrelas"; "Teorema Katherine" e estou lendo "Precisamos falar sobre Kevin". Acho que todos eles dispensam introduções. Se você não gosta de ler, talvez as férias seja uma boa época para começar.( porque um dia você vai precisar disso). Escolha um livro que tenha a ver com você e NUNCA vá pela cabeça dos outros. Você não é formado em letras, portanto, não é obrigado a ler apenas clássicos.

  • Cozinhando
Por exemplo, eu acabei de fazer panquecas para o café da manhã. No inverno a gente fica com mais fome que o normal e eu ando tendo umas " vontades de gordo ", sabe ( nada contra gordos). No Tudo Gostoso e no Pinterest, tem várias receitas legais. ( O último é em inglês). E também tem uns vídeos no youtube que são super divertidos sobre culinária como o Role Gourmet.

  • Colocando as séries em dia 
Época de escola eu, simplesmente, não tenho tempo e nem ânimo para baixar séries, então, eu deixo para assistir tudo nas férias. Eu já (ainda) estou na segunda temporada de Homeland e acabei de começar a quarta de Pretty Little Liars, e terminei semana passada Game of Thrones.

  • Colocando filmes em dia 
Depois que eu descobri o Mega Filmes, para ver filmes online, minha vida nunca mais foi a mesma (haha). Minha internet é extremamente lerda e baixar filme aqui é um sacrifício então eu começei a ver por esse site, e não é que ele é bom mesmo ? Já vi nessas férias " Projeto X", "Spring Breakers" , "Romeu + Julieta", "Nunca fui beijada" e "Part of Me : Katy Perry". E World War Z , nos cinemas ( nas férias eu não tenho saco para filmes cult).

  • Escutando música
Descobri o To the best of  em algum blog e me apaixonei. Você coloca o nome de qualquer banda e eles te dão as melhores músicas deles. Super prático .


  • Comendo em lugares diferentes

    Vamos deixar uma coisa bem clara : um terço da minha existência se baseia na alimentação. Minha cidade por ser pequena não tem tanta variedade assim de restaurantes mas, como a gente sempre costuma ir nos mesmos, é nas férias que eu tento variar. Tipo ir comer comida japonesa, tailandesa, ou até mesmo ir num café diferente, pelo qual eu sempre passei mas nunca entrei.

E vocês, o que andam fazendo nas férias ? E se quiserem minha opinião sobre os filmes, livros e séries citados é só pedir ai nos comentários. 

domingo, 7 de julho de 2013

Que num beijo se consomem


Pra ser sincero, eu me lembro muito pouco do dia em que nos conhecemos. Me lembro de estar bêbado demais e de como você não parava de gargalhar.  Eu tinha acabado de gastar quinze reais naquela festa que cheirava a cigarro e que parecia tocar incessantemente a mesma música. 

Mas que garota biruta, foi o que eu pensei quando te vi dançando freneticamente naquela pista minúscula. Você se jogava de um lado para o outro, acompanhada por dois garotos que se mexiam tanto quanto você. Eu me sentei num sofá meio desgastado e, não sei se pela proximidade das caixas de som ou se pelo tanto de álcool que já tinha ingerido, minha cabeça parecia explodir. Capotei. Então eu preferi pensar que nossa história começou no dia seguinte, quando acordei com um balde de água fria na cara, jogado por uma mulher meio irritada que gritava ordens aos quatro cantos. 

"Acorda, cara." Ela olhou pra mim com aqueles olhos pretos enormes, se virou para trás e soltou um "MAS QUE MERDA" quando um cara magrelo vomitou no chão. Eu não pude deixar de pensar em como a garota da dança eclética da noite passada tinha se transformado na mulher mandona e organizada da manhã seguinte. Eu sei que é loucura, completa insanidade da minha mente pós-ressaca, mas foi aí que eu me apaixonei. 

Foi tudo tão rápido. Eu estava ajudando-os a catar os copos espalhados pela casa e ficava virando minha cabeça para todos os lados, tentando encontrá-la. Pensando em alguma forma de começar uma conversa, mas meus cérebro doía e minha bexigada parecia mais uma torneira desenfreada. E se ela for daquelas garotas românticas que preferem declarações melosas feitas no momento certo ? E se ela tiver namorado ou for casada, ou estiver noiva ? E se ela for lésbica ?  

Então, você me olhou de longe, sorriu e soltou uma gargalhada. E eu não pude evitar de fazer o mesmo. Devemos ter se passado uns dez minutos  naquele jogo . De repente, você estava tão perto que eu conseguia ver minha cara de espanto refletida em seus olhos. 

“Este amor em botão, depois de amadurecer com o hálito do verão, pode se mostrar uma bela flor quando nos encontrarmos novamente, Oh Romeu”* você disse, me fazendo rir com a perspectiva de que você talvez fosse uma daquelas estudantes loucas e obcecadas que recitam versos de poemas como parte de um vocabulário próprio e então, você beijou.

*Romeu e Julieta, Shakespeare

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Para aqueles que sempre voltam


"Quem era ?" Eu pergunto para minha amiga que acabou de recolocar o telefone no gancho.
"Fábio" ela respode.
"Ih.. será que ele terminou com a namorada?" 
"Ele tava com uma voz triste"
Eu reviro os olhos, decepcionada e respondo " Então ele terminou com a namorada". E nós duas rimos,  porque nós sabemos muito bem que o Fábio só me liga quando está em depressão porque levou um pé na bunda ou coisas do tipo. Só que, diferente do que eu demonstro, eu não acho nada engraçada essa situação. 

Não é ciúmes, nem um pouco. Interesses amorosos nunca existiram entre a gente, aliás. É só aquele sentimento de que você é um bonequinho na estante. Sabe quando a criança enjoa de um brinquedo e larga ele num canto do quarto, para alguns meses mais tarde redescobri-lo ? 

Só que eu não sou um brinquedo. Eu sou de carne e osso e eu sinto tudo o que acontece. Eu senti saudades quando ele se mudou para outra cidade. Eu senti vontade de ligar pra ele durante aquele ano, e perguntar como ele estava, o que ele achava da situação política atual do país e , principalmente, porque é que ele não tinha me ligado nenhuma vez nos últimos seis meses. Senti vontade de sentar a minha mão na cara dele quando a gente se encontrou depois de quase dois anos e ele veio com aquela risadinha sonsa de quem sabe que fez coisa errada mas nunca vai admitir. 

Eu tentei sentir raiva e ignorá-lo pro resto da eternidade, mas ai foi só ele abrir a boca e as palavras saírem que eu me esqueci de todos aqueles meses de distância e voltei ao ensino médio, quando a gente ainda se via todos os dias e ele se deixava apaixonar por cada uma das  minhas amigas. Ai por fim eu só senti alívio, porque ele estava de volta.

"FÁBIO DE NOVO " minha amiga gritou da cozinha e veio correndo tampando o fone com a mão. "Você não vai cair nessa de novo, ignora esse tonto menina." Eu até chego a pensar em pedir que ela diga que eu não estou em casa, mas ai eu me sinto invadida por um vazio, na hora. Tudo bem que ele não é lá o melhor exemplo de amigo. Ele me troca pelas namoradas e desaparece por uns tempos , mas ele volta. E escuta à todas as minhas lamentações e meus assuntos totalmente aleatórios e me diz umas frases meio gays que depois eu descubro serem as mais puras verdades. 

"Oi Fábio" eu digo, toda animada enquanto minha amiga faz cara de desaprovação. " Claro, eu to desocupada... onde você está ? Eu vou ai te encontrar".