sábado, 26 de outubro de 2013

Garotos que deveriam casar com suas próprias mães


Uma vez um amigo me disse que nunca sairia de casa porque não queria ficar longe da sua mãe. A mulher não era velha, doente nem aleijada e era completamente independente do marido. O garoto queria ficar, simplesmente, porque ela é a mulher perfeita para ele.

Aquele história que Freud dizia que os filhos são apaixonados pelas mães. Complexo de Édipo. Faz todo o sentido e mais, alguns caras nunca superam essa fase. Escondem bem, mas lá no fundo quem eles procuram, de verdade, é alguém igualzinho a sua mãe. Não sexualmente, mentalmente, eu quero dizer.

Eu fico imaginando como deve ser difícil mesmo se desligar de uma mulher que te diz o tempo todo que você é lindo, inteligente e especial. Que te espera toda sexta-feira com comida pronta e passa a tarde inteira com aquele sorrisão na cara enquanto lava suas roupas sujas.

A mãe dele é a mulher  perfeita porque liga cinco vezes por dia e não deixa de dizer "Eu te amo" mesmo quando ele está numa onda de comportamentos infantis. Ela não xinga e não bate a porta na cara dele quando ele acorda numa manhã decidido a tratá-la com descaso pelo resto da semana.

Esses homens deveriam parar de tentar se relacionar com outras mulheres e se tracarem em casa ouvindo a mamãe declarar, babando arco íris, que seu menino é o melhor. Só assim eles serão felizes e nunca mais sofrerão com as garotas malvadas que os trocaram por um cara gordo e feio, mas que tinha mais atitude de homem do que o filhinho da mamãe.



sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Eles ( parte O3)

SE VOCÊ NÃO LEU A PARTE O4 PARE AGORA , CRIA VERGONHA NA CARA, E VAI ALI EMBAIXO LER RAPIDINHO;


Ela tinha os cabelos presos por um rabo de cavalo  alguns fios soltos no rosto. Ele vestia aquela camiseta azul que ele manchou porque colocou pra lavar do jeito errado. Já era dezembro e fazia um calor do inferno. Mas ele tinha insistido que o dia estava ótimo para pintar a sala.

"Droga" a lata de tinta salmão tinha caído no pé dela e se espalhado pelo chão de madeira. "Que merda, que merda !" Ela sentiu uma vontade enorme de gritar e jogar aquele pince pela janela mas ele apareceu na sua frente e ela se lembrou de que da última vez ele saiu de casa e voltou só no dia seguinte.

"Calma, cara" ele se agachou para limpar o lugar enquanto ela voltava da varanda com algum produto de limpeza.

"Você anda muito nervosa ." Ela continuou calada. "Ei" ele insistiu" Que que tá acontecendo , hein ?" Ela começou a andar de um lado pro outro na sala. "Eu sei lá... um monte de coisas." Ele ainda estava calmo mas deu um frio na barriga quando ela parou de andar e confessou que estava confusa. Ela vinha pensando em todas essas pessoas que moram juntas e acabam se casando e tendo filhos e brigam o tempo todo e no casamento dos pais e só conseguia concluir que ainda não estava preparada.

Ela não queria que eles terminassem de cara feia um pro outro em uma sala do fórum da vara da família decidindo quem ficaria com o que. Ela estava insegura e aquela dor estranha na boca do estômago só piorava. "Eu tÔ com medo. Só isso."

"Eu também." Ele se levantou e foi até ela "Também fiquei com medo a primeira vez que fui andar de bicicleta sem rodinhas. Eu caí um monte de vezes mas quando me levantava eu percebia o quanto foi bom eu  ter insistido em continuar andando. " Ela riu. Riu não, gargalhou. Porque aquilo não fazia sentido e ele a estava comparando com uma bicicleta.

Ele sorriu e voltou ao trabalho. E agora eles tinham alguns medos em comum, um futuro incerto juntos e uma mancha cor de salmão na parede da sala.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Eles


Parte O4

Ela estava sentada no sofá com o notebook no colo. Vinha um cheiro bom de tempero da cozinha, do outro lado do balcão. Ele jogou o pano de prato no ombro e se virou para ela. "Preparada?" "Uhum" respondeu, sem parar de digitar.

O céu já estava escuro. O vizinho da frente tinha aberto a varanda e dava para ouvir a música que vinha de lá de dentro. Mas dessa vez os dois não se entreolharam porque já tinham se acostumado e agora, sem perceber, batiam os pés no rítimo do som.

"Sua mãe tá perguntando se a gente vai pra lá esse fim de semana." Ela levantou os olhos pra ele que deu de ombros. "Não sei, você quer ir ?" "Pode ser" ela sorriu meio cansada. Ele desligou o fogo e pegou o celular no bolso. "Ei, você tá no blog?" "Uhum" ela soltou. Ele digitou alguma coisa muito rápido e tirou o macarrão do forno " O jantar tá proonto." "Só um minutinho" ela se animou derepente " Tem um comentário novo aqui".

Ele sorria enquanto esperava. Ela prendeu a respiração "É sério isso?" Ele se jogou no sofá ao lado dela e tirou alguma coisa do bolso. "É" deu de ombros, como que despreocupado. "E ai, você aceita se casar comigo?" Ela não pôde conter um riso, porque aquilo tudo era inimaginável.  Ela duvidaria que ele a tivesse pedido em casamento por um comentário no seu blog, se não estivesse vendo isso acontecer. 

Porque ele era o cara que vinha fazendo sua respiração parar à anos. E ele não se cansava das filosofias dela e ela das piadinhas dele. E eles tinham comprado aquele apartamento pequenininho juntos. Ela já sabia a resposta mesmo antes de perceber que seu coração batia tão rápido, mas ela não estava preocupada se Ele ouvia ou não, porque eles já tinham passado daquela fase.

"Sim" ela conseguiu dizer, finalmente.